quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Estou com raiva

Me separei há alguns meses e ainda não me acostumei com as mudanças da minha vida e com todos os sentimentos que carreguei numa década com o sonho de família de comercial de margarina que não deu certo.
Vivi um relacionamento conturbado que apagou meu brilho (sim eu o tinha) e que drenou toda a   minha sanidade mental.
O que me restou de saldo foi uma filha linda e saudável, muitos traumas, 30 kg a mais, desilusão e tristeza. Junte a isso um ex que age como um adolescente. Que mal fica com a própria filha, pois precisa estar livre pra eventuais @, para malhar, para andar na moda...
O motivo da minha raiva é isso.
Como uma pessoa que estragou a  minha vida saiu ileso assim? Por que eu fiquei com toda a carga e responsabilidades quando fui eu que honrei com 10 anos da minha fidelidade e cumplicidade? 
Muita gente diz que "aqui se faz e aqui se paga", mas sinceramente eu só vejo bônus.  Ele continua levando a vida de solteiro que sempre levou (mesmo quando vivíamos juntos) e nada nem ninguém o cobra do fim do relacionamento com uma filha pequena. 
Por outro lado todo mundo me julga por estar nessa barca furada sozinha com uma criança.  Uns acham que é um absurdo e que sou desequilibrada. Outros entendem e tem pena porque estou fadada a um destino miserável de mãe solteira.
Estou com mais raiva ainda porque o término do relacionamento me prejudicou ainda mais no quesito estudo e trabalho. Onde estou morando não tem nenhuma viabilidade de fazer EaD (meu 3g é um guerreiro mas não sobrevive às transmissões). O tiro de misericórdia é entregar a casa onde vivi 3 dos piores  anos da minha vida e jogar a última pá de cal nos meus sonhos de terminar a faculdade. 
O pai da minha filha vai continuar com a vidinha mediana dele, até porque está tudo bem assim...
Ele me atrapalhou em diversos momentos em que precisei de apoio... mas dizia a todos que me apoiava.
Quem precisa de sonhos?
Ele não os tem. Logo eu não poderia ter tb. Não é mesmo?!?
Minha vida depois de 10 anos parece terra arrasada. Tudo que tentei fazer acabou custando mais do que deveria. Sangue, suor e lágrimas.  
Por "ajuda" de quem deveria me amar e buscar o melhor pra nós. 
Estou com raiva porque percebi que amei sozinha. Construí sonhos de um futuro sozinha.
Nunca jamais havia pensado assim. 
Eu tive certeza de um nós que só existia pra mim.
E sempre fui a segunda opção na vida de quem pus em primeiro lugar.
Acho que por isso dói tanto...
A minha vida foi uma mentira.
Investi tempo, sentimentos, dinheiro, esforço... e recebi mentiras, indiferença, dor...
Aí vem o medo de que nunca mais vá encontrar alguém pra gostar de mim. Porque eu não sou uma pessoa fácil de lidar, afinal. 
Bate a solidão.  A depressão chama sussurrando "você não foi suficiente", "você não merece ser feliz", "ninguém vai te amar"
Eu queria saber se um dia vou ser feliz de novo.
Eu queria saber se um dia vou conseguir confiar em alguém de novo.
Mas hoje eu só penso em como dói ter os sonhos destroçados. 
E eu choro.
Escondida
Porque apesar de tudo o que aconteceu eu queria a minha família de volta.
Eu merecia ter uma família. 
Mas não posso falar disso com ninguém. 
Minha história com aquela pessoa terminou. 
Eu não sinto falta dela. Sinto falta do que eu achei que tínhamos.
As ilusões que criei pra sustentar aquela fachada maravilhosa que todos viam. 
Os bastidores só eu vivi.
Só eu senti.
E como senti. 
Por isso sinto raiva...



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sábado, 18 de julho de 2020

Julgamentos

Como a protagonista em "A letra escarlate" toda mulher que decide se separar carrega um fardo.
"Como ela ousou desfazer o sonho dourado da família feliz?"
A sociedade tem uma construção tão machista que você nunca verá  a mesma reação caso um homem opte pelo divorcio (seja la qual for a razão) e sim a mãe deste sujeito o receberá de braços abertos mesmo após anos e anos de vida apartada da dela.
O mesmo não se repete com facilidade comas mulheres que um dia ja saíram da casa dos pais pra constituir família  (tendo filhos ou não)
Muitas, senão todas, ouvem que ao saírem de casa devem acompanhar seu esposo onde ele for (deixando subentendido que: 1 - não poderão voltar atrás e 2 - que por issodeverão se sujeitar a diversas situações com as quaisnão concordam porque não têm pra onde ir).
Por sorte minha mãe me aceitou de volta na casa dela.  Porém ela tb tem o machismo estrutural enraizado dentrode casa. É por isso que mesmo após 6 anos o meu irmão ainda tem a cama dele no quarto dos meninos e que eu sequer posso cogitar remover do lugar porque ele pode precisar dormir lá hora ou outra
...🤷🏻‍♀️👀

Vencida a barreira de ter pra onde ir, ainda assim a mulher separada é vista como puta.
Ela não pode sequer sonhar em reconstruir a vida e encontrar alguém. Isso não lhe é permitido mesmo sendo livre e solteira
Seria cômico  se não fosse trágico que as mesmas pessoas que apontam o dedo pra mulher solteira são as que fazem vista grossa pra tudo o que o homem comprometido fez de errado na vigência do relacionamento.
Falso moralismo que chama né?

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quinta-feira, 16 de julho de 2020

Sobre amor e recomeços

Há muitos anos fiz um post aqui sobre o amor.
Naquele tempo eu nada entendia sobre o amor. Era tudo muito idealizado. 
O amor que uma adolescente buscou não necessariamente é o amor que uma adulta buscará.
Talvez sejam tipos diferentes de amor ou pessoas diferentes (apesar de sermos a mesma) buscando um sentimento em momentos e com bagagens emocionais distintas.
Aquela menina queria um amor avassalador pra durar a eternidade. A mulher de hoje quer ter a sorte de um amor tranquilo, como diz a canção.

O amor como todas as coisas na vida é feito de reciprocidade. Na lealdade, na fidelidade e no que norteia aquelas vidas...
Nem sempre as coisas ocorrem conforme o script d a vida mostra que sempre teremos a oportunidade de nos reinventarmos e seguir adiante de alguma forma que embora não planejada também funciona e tudo bem.

Cada novo ciclo implica em perder algo. Um recomeço é um renascimento seguinte a uma morte.
Me separar sepultou um sonho. O sonho daquela menina que começou esse blog.
A mulher que hoje escreve sobre o amor é outra pessoa. Os caminhos que percorri me fizeram apagar diversas vezes a chama dos meus sonhos.
Hoje restam brasas que às vezes soltam fagulhas. As mesmas pessoas que podaram meus galhos, hoje criticam minha estrutura desigual... as mesmas pessoas que cortaram minhas asas criticam meu receio de alçar voo.

Aos poucos vou me cuidando e lambendo minhasferidas. Pensando se algum dia algum daqueles sonhos ainda vai voltar a arder dentro de mim.
Há dias em que penso terem me tirado tudo
Há dias em que penso em dias melhores...
Tento cuidar de mim, pois há muito havia me colocado em stand by
Tento me olhar com mais carinho.
Embora muita gente tivesse me dito elogios ao longo da vida, foram as críticas destrutivas e comportamentos humilhantes de alguns que imprimiram uma baixo auto estima voraz.
Hoje vendo as fotos da minha juventude (porque sim, ja não me sinto tão jovem assim) percebo que eu foquei tanto nas coisas ruins que diziam sobre mim que esqueci de me olhar com carinho.  Vejo fotos de uma menina doce, meiga, que tinha medo da vida, que tinha grandes sonhos e que embora ja tivesse passado por situações muito difíceis na vida, ainda mantinha a bondade com os outros.
Modéstia à parte  era uma menina bonita que nunca se sentiu assim por se comparar às demais. Por ser fora do padrão.  Por não ser popular. Por não ser outra pessoa.
Hoje ainda tenho críticas a mim. Penso que daqui há alguns anos devo olhar minhas fotos e pensar que devia ter sido menos cruel comigo mesma... mas espero que seja em menor grau de arrependimento do que tenho hoje ao olhar pras fotos de quando tinha 15 anos e era um mar de inseguranças.

O recomeço daquele tempo foi cheio de coragem.
Apesar de doloroso pro que eu sabia da vida até então.
O recomeço de hoje é fruto de muita evolução pessoal. É fruto principalmente do nascimento da minha filha que me transformou profundamente e me cobra um posicionamento frente ao mundo que a fortaleça.

Ninguém se casa (ou mora junto como foi meu caso) para se separar. Todavia, é uma possibilidade.
Agradeço às pessoas que me apoiam para que possa ter chance de recomeçar.
Infelizmente ter apoio não é uma realidade
 Então as mulheres precisam entrar em relacionamentos com os pés no chão e os olhos bem abertos para qualquer questão que fira sua integridade física ou psicológica.
Identificar os próprios limites é importante.  Conhecer as diferenças de socialização de homens e mulheres também.
Não falo pra minha filha sobre casamento.
Essa escolha não é compulsória e ela não precisa estabelecer isso como uma meta de vida (sem a qual é considerada fracassada).
Há muitas maneiras de ser feliz e cabe a cada um descobrir o seu próprio caminho.

Espero que eu esteja no rumo certo

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quinta-feira, 9 de julho de 2020

Faz muito tempo...

Faz muito tempo que não escrevo. Nestes muitos anos parece que essa paixão morreu dentro de mim... o que é bem triste.
Desde o último post aconteceram muitas coisas e pouco sobrou da menina que começou esse blog há mais de uma década.
Não foi de tudo ruim, mas houve muita transformação necessária e nem tão necessárias assim... coisas da vida. 
Hoje aos 29 anos, olho pra trás e vejo que a mulher que sou hoje é fruto de muito aprendizado que construí ao longo de todos estes anos mais duros em que estive ausente do blog.

Como um breve resumo do que aconteceu:
Me formei na faculdade e no curso técnico; fiquei noiva; trabalhei; entrei no curso dos meus sonhos (2a graduação); comecei um negócio próprio: perdi pessoas queridas; me juntei com o noivo; adotei a  gatas; engravidei e dei à luz à minha filha; me separei do pai dela e atualmente estou vivendo em isolamento social sozinha com a minha bebê devido à pandemiade corona vírus. 

Tenho a dizer que nada que passei por todo o tempo que escrevi aqui é tão massacrante quanto ser mãe.  É uma vida muito solitária onde ninguém te parabeniza por nada e te critica por todos os mínimos detalhes...
É uma eterna anulação de si mesma pra que uma outra vida seja plena.
Acho que a depressão que começou lá atrás voltou a bater bem forte  na minha porta. Não me lembro a última vez que sorri pra minha filha.  Toda a carga e frustração de sequer conseguir ir ao banheiro por 2 min em paz é direcionada a ela que não tem culpa de nada.
O meu relacionamento com o pai dela chegou ao fim por inumeros fatores, mas dentre eles existia uma intensa sobrecarga do meu papel como mãe porque ele não agia como pai e eu tinha que suprir e aguentar a rotina de ser a última  a comer, dormir, tomar banho, etc
Enfim. Ser mãe é algo difícil de conciliar com qualquer coisa. É como se eu tivesse sido sugada por um vórtice e nele habitemos apenas minha filha e eu. Apesar do meu trabalho e estudos ainda me cobrarem assiduidade, é bem raro que consiga equilibrar meu dia pra ter algum rendimento em ao menos um deles.
Eu amo minha filha, mas odeio ser mãe sem rede de apoio.  As pessoas ao redor querem apenas os sorrisos e fotos. A parte do trabalho duro deixa com a mãe. Foda-se que ela precisa escolher entre dormir ou fazer alguma coisa que é impossível de ser feita com a bb acordada. (Sem falar que a criança  nem dorme muito tempo continuamente pra que alguma tarefa acadêmica seja desenvolvida)
Estou tão cansada de tudo isso.
Queria ter apoio. Gente que chega junto e que olhasse minha filha por 1h pra que eu pudesse voltar a ter algum tempo pra mim. Sem ficar me interrompendo a cada 5 min pra dizer que a criança me quer... 😒
A minha única esperança de oferecer uma vida melhor pra ela sou eu.  É terminando essa faculdade que novos horizontes se abrirão pra nós duas.  É uma oportunidade de vida que meus pais não puderam me proporcionar e que eu queria ter tido.
Me sufoca saber que as pessoas que conscientemente não me apoiam estão condenando a mim e a ela a ter uma vida ordinária sem chance de maiores realizações.  É sufocante pensar que nadei tanto pra morrer na praia mais uma vez.
O estresse é tão grande que sinto arder do meu estômago à minha garganta. Me consumo em preocupação do que será no futuro por ela.
Me culpo por ser mesquinha. Por pensar em mim. Mas tb percebo que sou a única a pensar em mim. Todos estão ocupados demais focando em suas próprias vidas (até mesmo o pai dela) para dispensarem um momento pra aliviarem a carga que é ser responsável por uma vida, sem cessar, sendo engolida e anulada com sucesso.

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